Enquanto a OMS alerta contra a automedicação com cloroquina, o Ministério da Saúde libera o uso de cloroquina e hidroxicloroquina no SUS para tratar sintomas leves de COVID-19 e estabelece uma recomendação para civis a respeito da automedicação.
Dessa forma, o maior problema dessa atitude das autoridades brasileiras é a falta de conhecimento da população sobre a cloroquina, qual a sua real eficácia contra o novo coronavírus e os efeitos colaterais causados pela medicação com cloroquina. Assim, muitas pessoas estão aderindo ao uso incorreto de cloroquina apenas por seguir cegamente as declarações governamentais.
1. O que são a cloroquina e a hidroxicloroquina?
A cloroquina é um medicamento muito conhecido no Brasil como um antimalárico, indicado para profilaxia (prevenção) e tratamento de ataque agudo de malária. Além disso, a cloroquina também é utilizada no tratamento de amebíase hepática, da artrite reumatoide, de dois tipo de lúpus, entre outras doenças. Enquanto que a hidroxicloroquina, muito semelhante, também é indicada para tratar malária, artrite reumatoide e lúpus.
2. A cloroquina e a hidroxicloroquina são recomendadas para tratar qualquer pessoa com COVID-19?
Não. Tanto a cloroquina quanto a hidroxicloroquina não possuem registros científicos precisos que comprovem sua eficácia no tratamento de COVID-19. Mas, há exceções. O melhor uso da cloroquina para tratar casos de COVID-19 é realizado apenas pelo Hospital Israelita Albert Einstein, apenas para pacientes graves e com muito estudo clínico. Fora isso, a cloroquina e a hidroxicloroquina jamais devem ser ingeridas por ninguém como uma forma de profilaxia ou de tratamento contra sintomas leves, e nunca se automedique.
3. Quais são os efeitos colaterais da ingestão de cloroquina/hidroxicloroquina?
Os efeitos colaterais são, principalmente, cardíacos. A consequência mais conhecida do uso de cloroquina é a arritmia cardíaca, que pode levar à morte, como disse um estudo brasileiro publicado no MedRxiv (esse estudo foi até interrompido devido às 11 mortes dos 81 pacientes que participaram dos testes). Logo, com esse estudo, fica muito claro que ninguém deve se automedicar com cloroquina.
4. Falta cloroquina?
Falta. Com o crescimento, cada vez maior, da demanda por cloroquina para tratar COVID-19, muitas pessoas que se medicam corretamente para tratar outras doenças estão ficando sem cloroquina, um efeito colateral perverso da recomendação inadequada do tratamento com cloroquina. Dessa forma, há pacientes com malária, artrite reumatoide e lúpus que não encontram cloroquina ou hidroxicloroquina, necessárias para o tratamento dessas doenças.
Dessa maneira, com essas informações, fica claro que tanto a cloroquina quanto a hidroxicloroquina não devem ser utilizadas para tratar casos leves de COVID-19.
Ou seja, caso você sinta algum sintoma relacionado à doença (febre alta, muita tosse e, principalmente, dificuldades de respiração), ligue para o Disque Saúde, pelo número 136. Ao ligar para esse número, profissionais da saúde farão seu atendimento e te darão as melhores orientações sem que eles precisem se deslocar até você.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
- BUBLITZ, J. Cloroquina x coronavírus: o que se sabe até agora e o que dizem as pesquisas.
- G1. OMS diz que cloroquina pode causar efeitos colaterais e não tem eficácia comprovada no tratamento da Covid-19.
- LIMA, B.; CARDIM, M. E. Liberação da cloroquina no Brasil vai na contramão da maioria dos países.
- Ministério da Saúde libera uso da cloroquina no SUS para casos leves de Covid-19.
- REDAÇÃO. OMS faz alerta contra a cloroquina, enquanto Brasil amplia uso do remédio.
- REIS, F. FDA adverte sobre riscos da Cloroquina no tratamento da COVID-19.